domingo, 11 de dezembro de 2011

Senso crítico ou alienação?

A partir do momento em que o homem nasce até o momento em que morre, ele absorve uma série de conceitos da sociedade que o ensinam a guiar-se pela mesma. Estes conceitos, de uma forma geral, consistem em idéias que ao longo do tempo vão formando o caráter da pessoa, influindo em todas as suas decisões, lhe dizendo o que sonhar o que respeitar, o que repudiar, o que vestir ou o que dizer.
Nos primeiros anos de vida, a criança absorve cegamente a tudo o que lhe ensinam os gestos, o idioma e os valores básicos da sociedade. Este aprendizado ocorre sem a menor objeção a qualquer idéia ou definição proposta pelos seus pais ou responsáveis pela sua educação. Desta maneira, tudo o que lhe for ensinado, assume o valor de verdade absoluta.
Conforme a criança começa a ampliar o seu convívio com outras pessoas, esta passa a assimilar novos conceitos e cabe a ela, pela primeira vez, confrontar seus antigos conceitos com os novos e decidir qual deles adotar para si mesmo. Ocorre, porém, que por muitas vezes, é imposto à criança um conceito, sem uma explicação lógica do motivo pelo qual não adotar outro. À medida que a criança aceita passivamente a imposição destes conceitos, ela deixa de desenvolver o seu senso crítico sobre o que é certo ou errado.
O modo pelo qual as idéias são assimiladas pelo ser humano é muito explorado pela sociedade, sendo que uma pessoa sem senso crítico tende a aceitar todo tipo de imposição sem reação a mesma. O modo como as idéias se incorporam são muito diversificadas e muitas vezes são tão sutis, que passam despercebidas. Pais com uma formação rígida privam o filho de criticar seus atos. Os pais não se vêm na obrigação de em nenhum momento explicar seus atos ou suas idéias. Os filhos alem de aceitar essas idéias, torna-se incapaz de defendê-las uma vez que faltam argumentos lógicos para isso. Isto continua ocorrendo a partir do momento em que o filho estuda numa escola de padrões rígidos. O aluno já não sente a necessidade de que o professor lhe explique o fundamento das teorias que aprende, pois a escola apresenta o conhecimento como algo absoluto e verdadeiro, dificultando novamente o desenvolvimento do senso crítico do aluno.
Um lugar em que a imposição de idéias é muito clara são as forças armadas, lugar onde a crítica de um superior é punida severamente porque a organização militar tem como filosofia a negação do senso crítico. Na religião é comum o fato de um membro de uma igreja não concordar com alguns de seus princípios e isso ser considerado pecado. No trabalho, empresas com uma hierarquia rígida possuem uma estrutura onde um subordinado não deve jamais criticar o seu superior. Hoje a crítica é vista como algo nocivo a sociedade, e não como um meio de se tentar aprimorar constantemente a mesma. Desta forma, torna-se claro, a idéia de que existem alguns setores na sociedade que tentam inibir o senso crítico das pessoas, de maneira a limitar o nú­mero de pessoas que critiquem seus dogmas e suas ações.
Infelizmente, para se formar uma opinião consistente sobre um determinado assunto é necessário muito mais do que liberdade de expressão. Em primeiro lugar é necessária a coleta de opiniões diversas sobre o assunto em questão, o que não costuma ser algo muito simples uma vez que isto exige o contato com diferentes grupos de opinião. Poucas pessoas têm contato com mais de um meio de comunicação ao mesmo tempo e ainda com opiniões divergentes. As pessoas também tendem a conviver sempre em grupos de opiniões semelhantes, o que torna mais difícil o contato com idéias novas. Alem disso, a rotina de trabalho em que boa parte da população está submetida restringe a oportunidade conhecer novas pessoas continuamente. Por fim, as pessoas têm uma resistência natural a coisas novas e principalmente a idéias novas. Muitas assumem que tudo o que elas consideram certo, estará sempre certo, não havendo a necessidade de se ouvir novas opiniões.
O próximo passo para se formar uma opinião, seria confrontar as diversas idéias e concluir algo a respeito. Para que isto ocorra é preciso analisar racionalmente cada uma das opiniões, sem tomar nenhuma delas como uma verdade absoluta. É preciso verificar a validade de todos os argumentos pró e contra, e depois medir a importância de cada um deles.
A partir do momento em que as pessoas se informam cada vez mais através da televisão, torna-se difícil o confronto de idéias, uma vez que durante um noticiário na TV, todos os sentidos da pessoa estão ocupados apenas em decodificar as informações transmitidas. A TV não permite que você pare para raciocinar sobre cada tema apresentado pela mesma. Não é possível debater o tema com outra pessoa e prestar atenção à TV ao mesmo tempo! Cada vez menos a literatura é utilizada como meio pelo qual se adquire o conhecimento. A tendência mundial é utilizar recursos de “multimídia” para se obter o conhecimento. As pessoas dedicam cada vez menos tempo na busca do conhecimento e é neste momento em que a TV ou o rádio aparenta ser o melhor meio de se ab­sorver uma grande gama de informações em pouco tempo. Caso as pessoas não parem posteriormente para refletir sobre as idéias absorvidas, elas correm o risco de aceitar estas idéias como verdades absolutas, elas correm o risco de escutar, mas não ouvir!
Após se formar uma opinião, é importante checar se a conclusão obtida através do confronto de idéias não fere em momento algum outro conceito que se tinha como correto anteriormente. Omitindo-se esta passagem, corre-se o risco de se criar um pensamento contraditório, incoerente. Quando uma nova conclusão se contradiz com uma anterior, é necessário que se confronte estas duas conclusões. É neste momento em que o ser humano é obrigado a se rever e colocar em cheque as suas opiniões. É neste momento em que o ser humano tem a oportunidade de mudar, de evoluir. É neste momento em que o ser humano deveria se considerar um animal racional!

Um comentário:

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