domingo, 9 de dezembro de 2012

A arte de ignorar

Talvez uma das armas mais mortíferas de que o ser humano tem ao seu dispor é ignorar, deixar que as coisas passem ao lado, fazer de conta que não viu. Todos nós o fazemos embora não se tenha bem a certeza se é por instinto ou porque o bem estar do próximo não nos interessa.
Será que fazemos isto quase sem nos apercebermos ou porque apenas é melhor assim? A não ser que se sofra de curiosidade mórbida viramos sempre a cara ao sofrimento ou miséria alheia ou então quando não estamos na disposição de aturar alguém lá vem a arte de ignorar! Se nos deparamos na rua com alguém em sofrimento viramos a cara para o lado e apressamos o passo entrando no modo de ignorar, na nossa vidinha tão cheia de coisas na maior parte das vezes sem sentido, não temos tempo para parar e ignorar é a decisão mais à mão.
Não queremos saber se esta milenar arte de ignorar é prejudicial para os outros, não conseguimos realizar a força que um simples sorriso pode ter e como pode ter o poder de mudar o dia de uma pessoa. Por isso viramos a cara à desgraça, entramos em mute quando o telefone toca e do outro lado está alguém com quem não nos apetece falar, ignoramos a velhinha na paragem do autocarro que apenas quer quebrar um silêncio angustiante. Vivemos num mundo desconfiado e a melhor defesa é usar uma mascara de ferro e ignorar o que nos rodeia.
Que coisa tão complexa que afinal somos, complicamos demasiado e acreditem que ignorar é mesmo complicar!
Complica ainda mais quando passamos a estar do outro lado da barreira, deixamos de ignorar e passamos a ser ignorados…

terça-feira, 7 de agosto de 2012

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

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   Há amigos que dizem que minha sinceridade pesa como chumbo. Há amigos que dizem que não devo dizer tudo o que penso. Há amigos que dizem que tenho que ser mais diplomata. Há amigos que dizem que por isso eu acabo fechando algumas portas. Pode ser que esses amigos e amigas estejam certos. Mas talvez as portas que eu feche por conta disso sejam similares às que eu abra. Talvez eu não saiba mais conviver com a hipocrisia.
   Por que a maioria das pessoas que discordam de alguma coisa tende a fazê-lo às escondidas ou atrás do anonimato? Por que as que não concordam, muitas vezes, estampam na cara que não concordam, mas não se abrem para dizer o que sentem ou pensam? Por que poucos assumem posições contrárias porque não aceitam o que está em vigência?
   Vejo o comentário discordante como uma afirmação do pensamento e da expressão do ser, algo que parece estar ficando obsoleto no mundo dos que não querem se comprometer, dos que não querem atritar. Quem foi que disse que viver não é comprar algumas reais ou aparentes brigas? Por que todos precisam pensar - ou simular que pensam - da mesma forma? Por que o mundo tem que ficar assim tão cacete?